“A dança proporciona a seu praticante o desenvolvimento da autoconfiança, cria socialização e divertimento, estimula a circulação sangüínea, desenvolve capacidades físicas básicas, como coordenação motora, agilidade, flexibilidade, resistência muscular e ritmo, melhora o sistema cardiorrespiratório, diminui o estresse, queima de calorias, além de desenvolver a percepção corporal, melhorando até mesmo a auto-imagem do ser humano”.(Lomakine, 2001, p.12). Inicialmente, o break era utilizado como manifestação popular e alternativa de jovens para não entrar em gangues de rua (assim como assistimos no filme “Escritores da Liberdade". Atualmente, o break é utilizado como meio de recreação, pois o mesmo proporciona o divertimento e prazer, pode ser considerado um jogo Lúdico, pois existem regras, liberdade, espontaneidade, seriedade, prazer, divertimento tensão, tempo e espaço definido... "Devemos, portanto, limitar-nos ao seguinte: o jogo é uma função da vida, mas não é passível de definição exata em termos lógicos, biológicos ou estéticos". (Huizinga, 2004,). O break também é um Lazer pois assim como cita Marcelino “Apesar da polêmica sobre o conceito, a tendênia que se verifica entre os estudiosos do lazer e no sentido de considerá-lo tendo em vista os dois aspectos – tempo e atitude. Portanto, como uma atividade de escolha individual praticada no tempo disponível e que proporcione determinados efeitos, como o descanso físico ou mental, o divertimento e o desenvolvmento da personalidade e da sociabilidade”. (Marcellino, 2003, pág. 31). O break pode ser também um Jogo Cooperativo, classificado como " Jogo Cooperativo sem perdedores" conforme Terry Orlick, 1989. "Podemos vivenciar os jogos cooperativos como uma prática re-educativa, capaz de transformar nosso condicionamento competitivo em alternativas cooperativas para realizar desafios, solucionar problemas e harmonizar os conflitos" (Brotto, 1999) . Porém também pode ser (competitivo) visando o auto rendimento, a vitoria nas batalhas (Luta) o objetivo é derrotar o oponente, sendo mais criativo e inovador nos movimentos da dança. “ A Luta permanente pelo prestigio que é um valor fundamental abrangendo tanto o direito quanto o poder”.(Huizinga, 2004, pág 107).
Por qual motivo então não observamos a dança presente nas aulas de Educação Física?
Seguimos uma determinada cultura, onde não existe o questionamento, vivemos na "zona de conforto", apenas recebemos informações e as reproduzimos. Muitos professores de educação física ainda seguem esse mesmo padrão, e reproduzem apenas o famoso X BOL (futeBOL, VoleiBOL, handeBOL...). Tenho uma outra visão sobre o "ensino e Educação Física", pois assim como indaga Oliveira... O que é mais importante: A técnica ou a pessoa? Modelar ou formar? A disciplina ou a participação? Domesticar ou educar? (Oliveira, 1995 p. 10), acredito que temos o dever de questionar, buscando respostas, conteudos, pois o importante é entender os conceitos (Conceitual), Procedimentos (Procedimental), atitudes (Atitudinal), e vivenciar diferentes culturas corporais, não visando o auto-rendimento mas sim a participação.
“Entretanto, poucas investigações em Educação Física olharam para os professores como agentes sociais e para sua prática como determinada culturalmente.” , “Por que, como elementos sociais que são, esses professores traduzem, em sua prática docente, determinados valores segundo a forma como foram educados, como foram preparados profissionalmente, segundo a escola que trabalham...” (Daolio, 1995 pág 17).
A expressão corporal como arte é onde transmitimos nossos sentimentos e emoções com o corpo. Segundo a autora Merleau-Ponty "Como na obra de arte, nosso corpo é um nó de significações vivas", cuja compreensão, "não é da ordem do eu penso, à maneira do cogito cartesiano, (dualidade, mente/espírito e corpo) mas do eu vivo, eu sinto, eu amo". “Quero dizer com isso que para entender o corpo não basta apenas falar dele. O corpo, tal qual o percebo, deve ser entendido não através de qualquer visão departamentalizada das ciências, mas na riqueza de sua totalidade que se transforma na dimensão verdadeiramente humana e histórica”. (Medina, João Paulo Subirá. Pág. 91).
Referências Bibliográficas:
- Marcellino, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. Editora Papirus, Campinas, 2003, pág. 31
- HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. Editora: Perspectiva, São Paulo, 2004, 5º ed. 256 p.
- (Huizinga, Johan. Homo Ludens – O jogo como Elemento da Cultura. Editora Perspectiva S.A., São Paulo, 2004, 5ª edição, pág 107).
- (Huizinga, Johan. Homo Ludens – O jogo como Elemento da Cultura. Editora Perspectiva S.A., São Paulo, 2004, 5ª edição, pág 10).
- Marion Dullius. Alegria de Dançar, A. Editora AGE,1999 Vol 1. Edição, pág 17
- Oliveira, Vitor Marinho. O que é Educação Física?. 1995 p. 104
- LOMAKINE, L. Dança como contribuição para qualidade de vida, Informe Phorte. São Paulo. Ano III, n.09, p.12, 2001.
- Medina, João Paulo Subirá. O brasileiro e seu Corpo. Editoria Papirus, Campinas, 1990. 2ª. Edição. Pág. 91)
- Oliveira, Vitor Marinho de. O que é Educação Física? 1995 p. 10
- Daolio, Jocimar. Da Cultura do Corpo. Editora: Papirus, 1995.pág 17.
- Terry Orlick - Vencendo a Competição - Círculo do livro – 1989
- Fábio Otuzi Brotto - Jogos Cooperativos - Se o Importante é Competir, o Fundamental é Cooperar - Projeto Cooperação - 1999 - 2ª edição.